CAPÍTULO 07 - Vivemos Tempos de Copérnico

Num mundo primitivo e usurpado pelo medo, Copérnico* profere a heresia por saber que quem luta com a espada, luta contra um, ou contra dois se for hábil, mas quem luta com a verdade, luta contra cem e contra mil, é imbatível perante todos, pois sabe que as forças do universo convergem a seu favor. Vivemos outra vez o seu tempo porque para congregar nossa ciência e nossos dogmas, uma nova maquiagem precisa ser dada àquilo que chamamos verdade; e assim como o céu pareceu desmoronar ao saber que não éramos o centro de tudo e que a Terra seria apenas um pequeno corpo na órbita do Sol, analogamente percebemos que apesar de sermos a espécie mais evoluída deste planeta, não somos os únicos viventes pensantes a existir no universo.                  *Nicolau Copérnico, polonês, 1473 – 1543

Existe sim uma inteligência superior convivendo em tempo real baseado em provas incontestáveis, além do entendimento de haver uma escalada na complexidade dos organismos, em que os inorgânicos formaram as primeiras proteínas originárias da vida e estas geraram seres unicelulares, que são a base das espécies onde o homem é o topo que percebe a cadeia abaixo de si, mas ignora o complexo posterior acima de sua racionalidade. De forma lúdica e perversa é como se uma cadeia alimentar iniciada dos inanimados minerais nutrissem plânctons que são capturados pelos peixes, que se tornam alimento dos animais predadores e que estão sob domínio dos homens com mais inteligência, que por sua vez servem aos iluminados com maior entendimento das leis do grande cosmo.

Considerar a possibilidade de não haver vida inteligente além de nós seria como julgar que fora da faixa da audição humana não haveria vibrações sonoras simplesmente porque não as escutamos. No exemplo em questão, foi possível desenvolver tecnologia para constatar a existência de outras freqüências inaudíveis à nossa audição, mas em relação ao que ainda permanece oculto e misterioso, este novo século revelará uma soma de conhecimentos incomparável a todos os milênios, motivando uma transformação sobre antigos conceitos, sofrendo o crivo da ciência que explica à medida que entende.

Não haveremos de imaginar o universo como um jardim da fertilidade, porém, a pretensão de exclusividade de vida inteligente no planeta Terra é bem mais remota que seu inverso. A expectativa científica é que existam 1011 estrelas na Via Láctea, e iguais a ela outras 1011 galáxias no Universo, ocasionando uma multiplicidade de sóis (1022) que permite dizer que se tomássemos todas as costas litorâneas banhadas pelos oceanos Atlântico, Índico, Pacífico e pelas praias menores, dali então se catalogássemos todos os grãos de areia que se possa cavar em profundidade, formar-se-ia um arquivo ainda menor que o necessário para igualmente se catalogar as presumíveis estrelas do Universo.

A Terra é nossa casa, mas amparada pelo sol como eixo gravitacional e fonte de energia que nos aquece, responsável por toda fotossíntese realizada, de modo, que seria inimaginável supor ser esta a única estrela do universo capaz de abrigar um planeta hospedeiro da vida. Nesse espaço vasto de possibilidades é preciso considerar que a evolução de uma espécie demanda uma escala temporal desproporcional à sua formação tecnológica, isso nos é notório quando consideramos a idade da espécie humana com dois milhões de anos em relação a sua evolução nos últimos dois mil anos, resultando que mais de 999% de nossa tecnologia foi adquirida em menos de 1% do tempo vivido. Essa desproporcionalidade se acentua quando comparamos o tempo de formação tecnológica com o tempo de formação geológica, que é mais bem compreendida a partir do calendário cósmico de Carl Sagan, onde a Terra teria se formado em meados de setembro e os primeiros seres humanos teriam aparecido às 22h30min da noite de reveillon.

Diante de números temporais e espaciais astronômico, já que quase nada conhecemos dos outros sistemas solares, seria estatisticamente prudente supor nossa posição evolutiva como mediana, visto que iguais ao Sol existem outras tantas estrelas maiores e menores equivalentemente distribuídas, oferecendo igual possibilidade para formação e desenvolvimento da vida. Sem exclusividade nem destaque, o nosso Sol situa-se em intermediária posição no braço de Órion, na espiral formada pela configuração das estrelas que compõem nossa galáxia e que a paralaxe faz parecer uma Via Láctea.

Portanto, agora não mais em um entendimento lúdico, mas partindo de uma avaliação estatística e científica, não é racional restringir a vida inteligente ao planeta Terra, pois as leis do universo são únicas por toda sua extensão e a presunção é de homogeneidade entre as galáxias, onde outros sistemas solares guardam relativa similaridade com a estrela que chamamos Sol. A suposição é que a natureza repetisse o evento de formação da vida numa distribuição aleatória de sucessões, gerando civilizações aquém e além de nós milhares, ou milhões de anos, cujos números não ferem a ordem de grandeza do universo, mas fundamentam significativa diferença no estágio evolutivo das civilizações, propiciando tecnologias que não podemos ainda alcançar, mas que certamente existirão, pois afinal somos nós mesmos a prova concreta dessa versão.

Não devemos atribuir nenhuma particularidade ao planeta Terra para justificar a vida e sua evolução, pois apesar de vários requisitos se fazerem necessários para que tudo acontecesse, somos apenas o fragmento de probabilidade que materializou as necessidades de sua ocorrência. Uma forma de ver os acasos é lançar um milhão de dados de seis faces em série, observaremos eventuais repetições de seus números, e em alguma parte da série haverá um segmento com sete, ou oito dados voltados com a mesma face para cima. Ali ocorreu o acaso, assim como na Terra ocorreu a vida.

Nada é certeza, tudo são frações de probabilidade, mas o que parece mais viável é considerar uma propriedade evolutiva da matéria, pois na natureza percebemos que a força da vida vence a força da gravidade, desde os vegetais que crescem verticalmente, ao beija-flor que se faz mais leve que suas próprias plumas. Tais observações poéticas ganharam respaldo da ciência a partir da segunda metade do século passado, quando os cientistas estadunidenses Urey e Muller simularam em laboratório as condições terrestres de milhares de milhões de anos passados e obtiveram a síntese de proteínas orgânicas primárias, levando à percepção de um vetor organizacional da matéria que se ordena no sentido evolutivo, para assim justificar o início da vida e toda inteligência formada.

Tratando-se de um evento replicável em laboratório nos direcionamos a pensar em efeitos comuns da natureza, e aventar a possibilidade de formação espontânea da vida em outros planetas que favorecessem seu desenvolvimento em variadas formas. Teriam a aparência humana, ou talvez fossem formados de outras estruturações orgânicas além do carbono, já que ambientes abundantes de silício também poderiam gerar ligações químicas com o hidrogênio, o oxigênio, e demais radicais, formando seres de moléculas sílicas.

As galáxias e os planetas se formaram aleatoriamente com uma desproporção temporal fazendo-nos crer que algumas sociedades precedentes dispuseram maiores oportunidades para se desenvolver tecnologicamente. E assim como nós que hodiernamente assumimos uma tendência astronáutica, tais civilizações igualmente vagueiam pelo universo sideral; possivelmente já mapearam as galáxias e estabeleceram entre os planetas mais promissores suas bases de suprimentos, incluindo a Terra no seu rol de prioridade estratégica.

Independentemente da consistência ou forma de uma espécie, dominar o conhecimento para realizar uma viagem interestelar significa ter tanta tecnologia que os coloca em posição de extrema superioridade em relação ao nosso atual conhecimento científico. Tais seres teriam poder para realizar um disparo de energia que derretesse a calota polar inundando parte da superfície seca da Terra, ou para calcular um equilíbrio de fartura entre as estações, pois igualmente agiríamos se em nossa evolução espacial explorássemos algum orbe de atmosfera inóspita e para extrair do solo preciosos elementos realizariam experiências sociais desenvolvendo a vida animal com valorização do metal para que o amontoassem para nós.

Bastariam alguns séculos de antecipação na evolução de uma espécie para dotar semelhantes civilizações de um conhecimento tecnológico na mesma proporção que evoluiríamos em igual período, tornando natural a idéia de sua coexistência interestelar, ou intergaláctica. Talvez não exatamente de uma forma tão fantástica quanto ufologicamente se apresenta, mas de uma maneira em que uns se denotam como observadores e outros como observados, concedendo ao observador o perfil de superioridade tecnológica, replicando a submissão ao observado, que por sua vez acaba por se descobrir.

Nossa era espacial iniciou-se no século passado quando Yuri Gagarin eternizou a frase dizendo “a Terra é azul”, para nos anos seguintes Neil Armstrong pousar na lua, e com sucesso retornar à Terra. Basicamente o que falta para o homem atingir outros planetas é tempo, tempo de pesquisa e tempo de necessidade para que o desafio seja lançado e as forças direcionadas, sendo de esperar por quem adentra uma trilha, descobrir pegadas de outros existentes a sua frente. Se os notamos é porque assim o querem, mas possivelmente como biólogos nos observam de longe, interferindo minimamente no curso de nossa história.

Essa suposta coexistência interpensante está lastreada nos grandes monumentos paleolíticos que denotam um manuseio de cargas com micrométrica precisão no assentamento de gigantescos blocos de pedra. Igualmente conclusivas são as gravuras rupestres que sem dúvida não fazem parte da criatividade artística humana, mas evidenciam estranhas máquinas e trajes espaciais necessários por viajantes oriundos de outras atmosferas.

Não menos surpreendente, as tábuas de argila do antigo império sumério com 6.000 anos de existência relatam a presença de seres assemelhados aos humanos, mas com traços fisionômicos de pássaros e répteis; estatuetas insinuam uma miscigenação genética de seres reptilianos amamentando bebês humanos. Também reflexível é o artefato guardado no museu de Bagdá, semelhante a um vaso de argila contendo internamente um cilindro de cobre que circunda uma barra de ferro em meio a uma pasta de chumbo oxidado, sendo interpretado como uma antiga bateria. A questão imperante não é o precoce conhecimento da eletricidade, mais importa saber que utensílio seria acionado pela suposta corrente elétrica gerada; a baixa potência implícita leva a cogitar que a provável bateria sirva para alimentar algum aparelho de comunicação com seus mentores.

Além dos achados arqueológicos, no ano de 1.531 a pintura de Nossa Senhora de Guadalupe foi consagrada pelo que nos é infactível ao conhecimento científico da época e atual, para assim descartemos definitivamente nossa pretensa solidão existencial no universo. Se não bastasse o enigma de suas fibras e da tinta utilizada, a ampliação microscópica das pupilas da figura reflete a imagem do índio Juan Diego, do bispo Zumarraga e de todo cenário composto em sua história, demonstrando não apenas a mera coincidência da estampa contida no centro da íris, tal qual objetos formados pelas nuvens do céu, mas indicando a presença do sobrenatural pela reflexão de idêntica imagem em ambas as pupilas, excedendo o limite de coincidência e desconfigurando o acaso. Todos esses indícios nos remetem a concluir pela presença de superior sapiência no início da nossa civilização. São fundamentações palpáveis, diferentemente do sensacionalismo ufológico propagado, que preliminarmente cabe associá-lo a equívocos, distúrbios, e a fanfarrice dos interesses explorados por esse ramo de negócio.

O capítulo seguinte aborda duas essenciais premissas no entendimento da origem da civilização humana, que devem ser consideradas à luz do nosso conhecimento. Neste capítulo demonstramos que esses são verdadeiramente tempos de Copérnico, tempos de descobertas, em que a cada momento o novo se apresenta; mas nada resiste a uma boa idéia e idéias razoáveis apenas agregarão uma parcela dos homens. Haverá um dia uma idéia que surgirá da ciência, para contar e responder tudo aquilo que desejamos saber, não que o homem venha saber de tudo, pois se tudo soubesse seria onipotente como Deus, mas trilhará o infinito labirinto da ciência por quanto existir.